Os monitores de Turismo de 2012 têm o prazer de continuar com o blog, que foi uma ideia inspiradora e que deve ser mantida. Por isso, mesmo com a greve, estaremos trazendo notícias do trade e do fenômeno turístico em si, pensando sempre na interdisciplinaridade.
- Jéssica Souza 17/08/2012
É com muito orgulho que os monitores do curso de Turismo do ano de 2011 darão continuidade à louvável iniciativa dos monitores do ano anterior. Que a monitoria do Turismo seja marcada pela qualidade, pela seriedade e pelo compromisso com o ensino.
- João Freitas 13/05/2011
Este blog se destina aos estudiosos, curiosos ou simplesmente simpatizantes do Turismo. Elaborado por nós, monitores do Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense, pretendemos com ele, levar você, leitor ao conhecimento dos eventos atuais no turismo e ainda te despertar para a análise da prática deste fenômeno, saindo do senso comum presente muitas vezes na teoria acadêmica, nos discursos políticos ou mesmo na "boca do povo".
Até de forma um pouco contraditória, te convidamos a parar um pouco para pensar sobre esta que é uma das atividades mais movimentadas e movimentadoras do mundo.
Não há nada mais agradável do que falar de viagens, não é mesmo? Então seja muito bem-vindo e vamos juntos monitorar o turismo!
Ao estudar o turismo sob a ótica da economia,
torna-se inevitável a polêmica que permeia os negócios turísticos (e negócios
de quaisquer naturezas) que se preocupam somente com o “economicamente viável” e
anulam as questões de sustentabilidade em seus diversos âmbitos, fazendo uma
espécie de “oposição” a estas questões que são amplamente observadas e
estudadas academicamente pelo turismo.
Em razão da multidisciplinaridade que serve
como base para a compreensão do fenômeno chamado turismo, o presente relato
visa expor, no campo da gestão de novos negócios, alternativas que são
desenvolvidas no mundo inteiro para minimizar ou erradicar as mazelas
sócio-ambientais existentes nos países: os chamados “negócios sociais”.
Em princípio, é preciso mostrar o conceito
que define este tipo de negócio: Empresas que, através da sua atividade
principal (core business), oferecem soluções para problemas sociais, utilizando
mecanismos de mercado. Conceito este, apresentado pela organização Artemisia, que
é pioneira e referência em negócios sociais no Brasil e potencializa e capacita
empreendedores para a geração de negócios de alto impacto social. Tais
empreendimentos trabalham com o público que está na “base da pirâmide”, ou
seja, com a população de baixa renda e visam atender às necessidades básicas deste
público, tais como: saúde, habitação, serviços financeiros, acesso a produtos e
serviços que melhorem a produtividade, tudo isso com redução de custos e alta
qualidade e de forma a incluir os marginalizados na cadeia de valor e operação
dos negócios. Desta forma, estes negócios não são empresas com ações de responsabilidade social, são negócios que,por terem um modelo
integrado, têm o impacto social no centro da operação do negócio, não marginal a
ele.
Segundo HART (2008), as pessoas que ocupam o
topo da pirâmide estão bem servidas quanto às necessidades básicas, por isso os
empreendedores precisam agir no inverso, olhando para um público necessitado e
enxergando um crescimento e potencial lucro para as empresas completamente
pautado na melhoria de vida para os da base da pirâmide. Entenda-se que a ideia
não é “tirar proveito” dos necessitados, pois somente se caracteriza um negócio
como social se de fato houver melhoria na qualidade de vida do seu público alvo.
Não condena-se o propósito de lucratividade, porém a finalidade da atividade é gerar
o impacto social.
A mudança de vida dos ocupantes da base da
pirâmide não está apenas ligada à sobrevivência destas pessoas, mas também ao
pleno exercício de cidadania por parte das mesmas, onde a geração de emprego compõe,
juntamente com outros fatores, um quadro básico de existência. Um excelente exemplo
que pode ser apropriado também pelo turismo é o caso da Gastromotiva, o primeiro
negócio social gastronômico do Brasil criado por David Hertz, empreendedor
Artemísia e chefe de cozinha, que tem como finalidade a capacitação de jovens
de baixa renda em cozinha e a formação de empreendedoras para alavancar
negócios em comunidades. A Gastromotiva contribui socialmente atacando a falta
de emprego, de oportunidades e de renda. A seguir, confira uma reportagem do
ano de 2011 do Jornal da Band na série Caminhos do Bem, que retratou um pouco
das atividades desenvolvidas na Gastromotiva.
Como bem afirmado por PRAHALAD (2008), “É
preciso uma melhor forma de ajudar os pobres, que os envolva em uma parceria
para inovar e atingir cenários ganha-ganha sustentáveis, dos quais sejam
participantes ativamente engajados...” (2008, p. 17), portanto, para
erradicação da pobreza e das desigualdades sociais é preciso não apenas uma “ajuda
aos carentes”, mas uma atitude inovadora que impulsione a ação dos próprios
sofredores de desigualdades em função da mudança e da melhoria de vida.
Dentro deste cenário de negócios sociais,
muitos projetos podem ser desenvolvidos no universo turístico, tomando-se como
referência iniciativas como o turismo de base comunitária, o turismo social, o
turismo de experiência e qualquer outro projeto que apresente soluções para o
desenvolver de nossa sociedade, o desafio para os futuros turismólogos e empreendedores
será o alcançar de uma economia social plena, um bom assunto para pensar, mas
principalmente para colocar em prática.
Débora Fernandes
de Maranhão
Monitora
de Macroeconomia do Turismo
Referências
HART,
Stuart L..O Capitalismo na Encruzilhada.
Porto Alegre: Bookman Companhia Ed, 2006.
PRAHALAD,
C. K. A riqueza na base da pirâmide.
Porto Alegre: Bookman Companhia Ed, 2008.