Provavelmente muitos de nós já ouviu falar do MoMa, o museu de arte moderna de Nova York. Mas, e do MoBa? The Museum of Bad Art é um museu inteiramente dedicado a artes ruins e artistas digamos, medíocres. Com um slogan de “Arte ruim demais para ser ignorada” são apresentadas na sua coleção obras que foram descartadas, encontradas no lixo ou compradas por menos de US$ 6,50! Segundo o curador Michael Frank o princípio para uma obra entrar no acervo é “ter sido criada por alguém que estava seriamente tentado pelo fazer artístico, mas que errou terrivelmente no conceito ou na execução”. Uma obra de arte é considerada como ruim ou feia quando apresenta um tema considerado grotesco ou se é mal feita. Se Kant afirma que a arte só será arte porque é bela, como pode existir arte ruim e ainda mais, um museu dedicado a elas? Mas saibam que existem estudos dedicados a estética do feio na história da arte. Na filosofia grega, o feio não é somente o contrário do belo, mas também do bom em sentido moral; é o lado escuro, mau, da vida. Com relação à arte, Platão refere-se negativamente ao feio como desarmonia e discórdia. Já Aristóteles considera a legitimidade do feio. Não há na realidade só as coisas belas, mas também as feias. Elas podem ser representadas na arte, desde que sejam de forma artística. O feio inicia sua aparição na arte através de obras de pintores barrocos, como por exemplo Velázquez. Nas suas obras aparecem mendigos, vagabundos, anões e cenas grostescas. Em As meninas (1656) - sua obra prima - entre os personagens aparece uma criada anã, representada para contrapor a beleza da Infanta Margarita, a figura central.
Hegel em Lições sobre Estética (1842), afirma que o prazer que sentimos com o belo é uma forma de satisfação do ser humano. A insatisfação com a feiúra tem origem no desconforto em ter que lidar com o outro. Tudo o que parece ser estranho ou não habitual tende a ser visto com desconfiança. Se pensarmos no turismo como o encontro de pessoas de culturas diferentes, essas considerações são pertinentes. Para que o turismo não seja uma atividade que reforce esse estranhamento é interessante o estudo da estética. Ao compreendermos noções como o juízo de gosto, entendemos a percepção do espectador em relação a cada tipo de obra de arte. Para tanto, a estética será a construção de um olhar mais sensível.
Referência
FIGUEIREDO, Virgínia . Kant: liberdade da forma e forma da liberdade. In: HADDOCK-LOBO, Rafael. Os filósofos e arte. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. p. 59-68.
Bizarro isso. Lembro da Karla dizendo que uma Obra cujo tema é o feio, é considerada bela se ela atinge seu objetivo de ser, no caso de representar bem "o feio". São as 3 proposições sobre a arte: Arte como imitação, arte como representação e arte como forma integrante. O caso do feio tá na última proposição. Acertei Sarah?
ResponderExcluirIsso mesmo Marcelo. Você está falando sobre as teorias sobre a arte, mas no caso a última teoria é a arte como forma significante. Isso quer dizer que o belo está no espectador e que a arte provoca emoções nas pessoas. Bom, essas teorias tem suas falhas e não seria mais tão apropriadas uma vez que não podemos encaixar a arte em definições tão fechadas. Mas para estudá-la temos que entender o percurso desses estudos! Mas muito boa sua contribuição!!!
ResponderExcluirSempre trocava Forma significante com integrante!!! hahaha mas valeu!
ResponderExcluirE eu aqui assistindo ao debate..., toda orgulhosa da minha monitora e dos meus alunos queridos...
ResponderExcluirAh, pra Platão, a arte era a cópia da cópia e eles só desdenhava de quem a fazia! cara chato, resumidamente. =P
ResponderExcluirGostei do post, fazia Turismo, não faço mais... faço agora Psicologia e gosto de qualquer tipo de questionamento como esse, principalmente ligada a uma área que vai ser pra sempre querida. Então, ainda me metendo... e o Turismo em cemitérios, e em outros lugares "esquisitos"? Foge um pouco dessa ideia de Estéstica.
Então, aí que entra a minha teoria de vida básica de que tudo vai da percepção de cada um... que uma obra é infinita, ela é composta por cada olhar sobre ela e suas inúmeras interpretações da mesma.
Um cemitério, que pra mim é um lugar horrendo e zero bem-vindo, torna-se arte pra outros, turismo pra alguns... e assim, sucessivamente.
Olha só chamando Platão de chato!!! hahahhaha
ResponderExcluirMas sim Lee, os denominados Dark turismo e reality tour partem desta idéia. Muitas vezes não conseguimos entender como as pessoas se interessam por atrativos deste tipo. Se pensarmos na questão do juízo de gosto ou estético, vemos que ele é emitido com base naquilo que se sente e que não tem uma explicação lógica. A Estética trata desta questões de sensação e sentimento o tempo todo, então ela está envolvida neste caso também. Obrigada pela sua contribuição!!!