É de conhecimento geral
o crescimento de um segmento em particular do fenômeno turístico denominado
``turismo social´´.Tal crescimento se justifica por diversas razões,a primeira
delas é o próprio crescimento do turismo como atividade e fenômeno social,a
importância governamental cada vez maior dada ao segmento e o crescimento de
uma consciência (tanto de âmbito governamental quanto da sociedade) relacionada
ao desenvolvimento sustentável e da igualdade social.
Segundo o Mtur
(Ministério do Turismo) tal segmento da atividade turística é caracterizado por
``[...]conduzir e praticar a atividade turística
promovendo a igualdade de oportunidades, a equidade, a solidariedade e o
exercício da cidadania na perspectiva da inclusão´´.
O caráter do
Turismo,por si só,é propiciador e/ou incentivador das relações sociais,do
encontro consigo mesmo,da hospitalidade.Mais do que uma atividade econômica,o
turismo é potencializador da redução das
diferenças (sociais e econômicas) e o turismo social se mostra como uma
modalidade ou alternativa mais próxima ao desenvolvimento local,principalmente
em comunidades ribeirinhas,quilombolas,rurais e etc..(e isto se dá em diversos
quesitos que o termo,na atualidade,incorpora).
No Brasil,no entanto,o
principal operador de turismo social é o SESC (Serviço Social do Comércio) e o
mesmo,em sua website do estado de
Alagoas,define suas atividades neste âmbito com o intuito de ``[...] favorecer a incorporação de pessoas de
baixa renda ao movimento turístico, em especial aos trabalhadores do comércio
de bens e serviços e seus dependentes.´´
Nota-se uma intencionalidade de abrangência muito limitada,por parte da
instituição,uma vez que restringe o escopo do projeto a ``trabalhadores do
comércio´´.Além disso é questionável a denominada ``incorporacão de pessoas de
baixa renda ao movimento turístico´´.Tal segmento,em tese,promoveria além da
inclusão de pessoas de baixa renda não apenas ao ``movimento turístico´´ mas a
sua fruição,a possibilidade de contato com diferentes culturas e realidades e a
compreensão das mesmas.Também é suprimida a questão ambiental,fundamental para
a compreensão do papel da ação humana em sociedade nas contingências atuais.
Na mesma webpage,cita-se: ``[...]mais do que a simples oferta de
excursões e passeios, o turismo social é pautado por valores como democracia,
exercício da cidadania, inclusão, acessibilidade e solidariedade, garantido que
sua clientela principal – o comerciário e seus dependentes – tenha acesso a
todas as atividades oferecidas., através da prática de preços justos, abaixo do
mercado hoteleiro.´´.Neste trecho,nota-se parcialmente um correto
posicionamento no que se refere ao turismo social.No entanto,novamente é
bastante limitado a abrangência das intenções,além de apenas restringir o fator
de inclusão ao âmbito comercial da atividade turística.
Não se pode julgar as intencionalidades da instituição SESC,pois pela sua
história e pelo seu papel junto ao comércio e o setor de serviços tais medidas
e ações são mais do que esperadas.Há realmente um esforço parcial no que se
refere ao turismo social.
Mas estas medidas e ações não
podem ser tomadas tão somente por entidades e/ou instituições.A OMT
(Organização Mundial do Turismo) em seu preâmbulo e sétimo artigo menciona que "(...) [3] o turismo social,
e em particular o turismo associativo, que permite o amplo acesso ao lazer, às
viagens e às férias, deveria ser desenvolvido com o apoio das autoridades
públicas; [4] o turismo familiar,
de jovens, de estudantes, da terceira idade e de deficientes deveria ser
encorajado e facilitado".
O Governo Federal (juntamente com o Ministério do Turismo) tem
desenvolvido alguns programas específicos,discussões e iniciativas no sentido
de promover o turismo social em comunidades costeiras,indígenas e
quilombolas..ainda que de forma incipiente.
Concluímos que a participacão do governo com políticas públicas
integradas validam o denominado turismo social.A intencionalidade desta
modalidade de turismo não pode ser efetivada e/ou compreendida sem a atuação do
mesmo,uma vez que o turismo é um fenômeno multifacetado o qual diversas variáveis estão
presentes (as quais muitas destas dependentes do poder público).Além disso,o
Estado deve agir como mediador com relação a iniciativa privada,para que haja
um equilíbrio entre benefícios e interesses ligados ao setor privado e público,equiparando
e abrangendo de forma adequada e completa esta modalidade turística.
Rubens Leon de Lima Barreto
Monitor da disciplina Estudos Antropológicos do Turismo.
Citações e Webgrafia
ORGANIZACÃO MUNDIAL DO TURISMO,Código Mundial de Ética do Turismo,Chile,1999.
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