Os monitores de Turismo de 2012 têm o prazer de continuar com o blog, que foi uma ideia inspiradora e que deve ser mantida. Por isso, mesmo com a greve, estaremos trazendo notícias do trade e do fenômeno turístico em si, pensando sempre na interdisciplinaridade.

- Jéssica Souza 17/08/2012


É com muito orgulho que os monitores do curso de Turismo do ano de 2011 darão continuidade à louvável iniciativa dos monitores do ano anterior. Que a monitoria do Turismo seja marcada pela qualidade, pela seriedade e pelo compromisso com o ensino.

- João Freitas 13/05/2011

Este blog se destina aos estudiosos, curiosos ou simplesmente simpatizantes do Turismo. Elaborado por nós, monitores do Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense, pretendemos com ele, levar você, leitor ao conhecimento dos eventos atuais no turismo e ainda te despertar para a análise da prática deste fenômeno, saindo do senso comum presente muitas vezes na teoria acadêmica, nos discursos políticos ou mesmo na "boca do povo".

Até de forma um pouco contraditória, te convidamos a parar um pouco para pensar sobre esta que é uma das atividades mais movimentadas e movimentadoras do mundo.

Não há nada mais agradável do que falar de viagens, não é mesmo? Então seja muito bem-vindo e vamos juntos monitorar o turismo!

- Aline Luz 22/09/2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

39 anos de Fungetur

Aprovado a partir do Decreto-Lei nº 1.191 de 27 de outubro de 1971, o Fundo Geral do Turismo (Fungetur) tem como finalidade financiar a ampliação, modernização e reforma de empreendimentos turísticos diversos, como hotéis, pousadas, centros de convenções, parques temáticos, ou seja, é uma fonte de recursos bastante útil e que impulsiona o setor turístico nacional.

Contudo, nem sempre foi assim. À época em que foi criado, durante o período da Ditadura Militar, o então presidente Médici não visava o pleno desenvolvimento do turismo no país apenas. Pelo menos não como forma de gerar riquezas, ou diminuir as desigualdades sociais. Inicialmente essa linha de financiamento surgiu, assim como a EMBRATUR em 1966 e a Infraero em 1972, em um contexto no qual a Ditadura Militar lutava para desviar o foco das atrocidades cometidas pelo regime.

O fomento ao turismo nesse período trouxe à luz as belezas naturais cênicas encontradas no país, a promoção da sensualidade da mulher brasileira e a magia do carnaval. Apelos que serviram para amenizar a forte opinião pública negativa que se formava internacionalmente, tendo em vista as privações de liberdades, perseguições e torturas praticadas pela ditadura.

Tamanha utilização política da EMBRATUR, aliada às linhas de crédito fornecidas pelo Fungetur e os incentivos fiscais, ocasionou um boom não só na construção de novos hotéis e pousadas, mas também na vinda de redes e bandeiras internacionais para o Brasil.

Uma grande mudança que observamos no Fungetur portanto, é que no início ele visava financiar mais especificamente a construção de novos meios de hospedagem, ao passo que hoje está mais direcionado à modernização e reforma de hotéis e demais estabelecimentos turísticos, já em funcionamento por pelo menos 3 anos, ou seja, não serve mais para novos empreendimentos.



Ao contratar qualquer tipo de financiamento de um banco, o hoteleiro-empresário estará se endividando, ou seja, a estrutura de capital do seu hotel, que inicialmente era formada por 100% de Capital Próprio, agora começa a ser composta também por capital de terceiros. A composição do capital passa a ser mista e, neste momento, ele acaba de adquirir um credor, no caso o banco.

Como sabemos, não é ruim para uma empresa se endividar. As dívidas de longo prazo, como é o caso de um empréstimo no banco, contribuem para a alavancagem financeira de uma empresa. Ou seja, permite que o proprietário tenha a capacidade de financiar seus projetos internos sem a necessidade de haver dinheiro em caixa ou recursos próprios, potencializando assim, a margem de lucro do empreendimento.

Além disso, o custo do financiamento do capital de terceiros é geralmente menor do que o financiamento via capital próprio, já que permite a redução no valor do imposto devido, sempre motivo de preocupação para qualquer dono de estabelecimento comercial. Uma vez que os juros pagos aos credores são descontados do LAJI (Lucro Antes dos Juros e Impostos) para se chegar ao Lucro Tributável, quanto maior o valor desses juros, menor é o Lucro Tributável, o que consequentemente produzirá um valor menor de Imposto Devido.

No caso do Fungetur, além de gerar essa vantagem, o próprio Decreto-Lei que o criou já previa abatimentos do Imposto de Renda por até 10 anos, como forma de estimular ainda mais a implantação de novos hotéis no país. Essa vantagem extra só foi possível, é claro, uma vez que estamos falando de uma deliberação do Governo Federal. Um banco particular, por exemplo, no máximo conseguiria oferecer taxas de juros mais vantajosas em relação àquelas dos seus concorrentes.

Evidentemente, as vantagens ocasionadas pelo endividamento não devem ser encaradas como motivo para que uma empresa se descuide e contraia dívidas de maneira indiscriminada. Os benefícios da alavancagem financeira só podem ser bem aproveitados a partir de uma boa gestão das finanças da empresa, tanto do ponto de vista do longo prazo, quanto do curto prazo.

Acesse aqui o Decreto-Lei de criação do Fungetur

Referências:

Caixa Econômica Federal - site

DOS SANTOS FILHO, João. EMBRATUR, da euforia ao esquecimento: o retorno às raízes quando serviu à Ditadura Militar. Revista Espaço Acadêmico, nº35; Abril de 2004 -

DOS SANTOS FILHO, João. Ditadura militar utilizou a EMBRATUR para tentar ocultar a repressão, a tortura e o assassinato. Revista Espaço Acadêmico, nº84; Maio de 2008 –

ROSS, Stephen A., Randolph W. WESTERFIELD, Bradford D. JORDAN. Princípios de Administração Financeira. Editora Atlas, 2ª edição, 2002.

5 comentários:

  1. Nossaaaa medo dessa revisão de Gestão Financeira ahahaha adorei o post, serviu p refrescar a memória. Apesar do objetivo do FUNGETUR no início não ter sido o que ele é hoje, conclui-se que "há males na vida que vem para o bem". O Fungetur pode ser utilizado p programas de infra-estrutura ou apenas p novos empreendimentos turísticos?

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  2. Ótima questão Clarice. Na descrição da finalidade do Fungetur no site da Caixa Econômica vem dizendo: "(O fundo se destina) A empresa de qualquer porte, (...) que atuem no setor de turismo (hotéis, pousadas, outros meios de hospedagem de turismo, centros de convenção, parques temáticos e outros locais destinados a feiras, exposições e assemelhados)."

    Ou seja, pelo que dá pra entender é que serve para empreendimentos privados, que em última análise irão compor a infraestrutura de oferta turística da localidade. Mas acho que vc quis saber se também serve para infraestrutura básica, ou de apoio ao turismo, como acessibilidade, transportes?
    Bom, com relação a isso, o que sei é que o governo atua, em conjunto com os bancos, com linhas de financiamento destinadas a investimentos específicos, tipo comércio, indústria, turismo, transportes. No caso o Fungetur é um Fundo Geral exclusivo para os empreendimentos listados. Financiamentos para modernização de infraestrutura aeroportuária, rodoviária e ferroviária, por exemplo, possuem seus fundos específicos, que graças aos megaeventos que virão, até estão vinculados a investimentos turísticos, mas não normalmente.

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  3. Por exemplo, no início do ano o Mtur divulgou o ProCopa Turismo, que vai disponibilizar através do BNDES, R$1 bilhão para reforma de infraestrutura hoteleira para a Copa, então é uma linha especial aprovada em virtude da Copa.
    Haverá também o ProCopa Arenas, que servirá para financiar as reformas e construções de estádios, que vai disponibilizar no total uns R$4,8 bilhões. E por fim, haverá os investimentos em transportes também que já contam com um orçamento de R$5 bilhões disponível para investimentos em infraestrutura de transportes. Lembrando que esses valores ainda devem aumentar por conta das Olimpíadas.

    Quem se interessar mais por esses assuntos aí estão alguns links bem esclarecedores:
    BNDES - http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_Fundos/ProCopaTurismo/hotel_sustentavel.html

    http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Sala_de_Imprensa/Noticias/2010/comercio_e_servicos/20100202_bndesprocopa_turismo.html

    Portal Panrotas - http://www.panrotas.com.br/noticia-turismo/mercado/linha-de-financiamento-para-copa-2014-e-lancada-no-rj_54933.html

    Estadão - http://www.estadao.com.br/noticias/esportes,bndes-vai-financiar-turismo-para-copa-e-olimpiada-no-brasil,446275,0.htm

    Valor Online - http://www.valoronline.com.br/online/brasil/1/303292/bndes-aprova-linhas-para-procopa-turismo?page=2

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  4. Esta citação sobre o FUNGETUR mostra um bom exemplo do que deu certo passando por ditadura e governos civis que têm histórico de desvalorizar/desmanchar os feitos do governo anterior. O melhor é que pelo texto, mostra que soube se atualizar mudando de foco conforme as mudanças das necessidades e prioridades (de instalação de parque hoteleiro para manutenção/expansão)

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  5. Mais verbas aprovadas, ligadas a melhorias na cidade para os Mega eventos que virão. Dessa vez o acordo é entre a prefeitura e a Caixa Econômica, que liberou recursos para as obras da segunda fase do Projeto Porto Maravilha.
    Confiram aqui
    http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/09/30/caixa-libera-877-milhoes-para-obras-do-porto-do-rio-922666335.asp

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