Os monitores de Turismo de 2012 têm o prazer de continuar com o blog, que foi uma ideia inspiradora e que deve ser mantida. Por isso, mesmo com a greve, estaremos trazendo notícias do trade e do fenômeno turístico em si, pensando sempre na interdisciplinaridade.

- Jéssica Souza 17/08/2012


É com muito orgulho que os monitores do curso de Turismo do ano de 2011 darão continuidade à louvável iniciativa dos monitores do ano anterior. Que a monitoria do Turismo seja marcada pela qualidade, pela seriedade e pelo compromisso com o ensino.

- João Freitas 13/05/2011

Este blog se destina aos estudiosos, curiosos ou simplesmente simpatizantes do Turismo. Elaborado por nós, monitores do Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense, pretendemos com ele, levar você, leitor ao conhecimento dos eventos atuais no turismo e ainda te despertar para a análise da prática deste fenômeno, saindo do senso comum presente muitas vezes na teoria acadêmica, nos discursos políticos ou mesmo na "boca do povo".

Até de forma um pouco contraditória, te convidamos a parar um pouco para pensar sobre esta que é uma das atividades mais movimentadas e movimentadoras do mundo.

Não há nada mais agradável do que falar de viagens, não é mesmo? Então seja muito bem-vindo e vamos juntos monitorar o turismo!

- Aline Luz 22/09/2010

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A ARTE COMO UMA FORMA DE LAZER EM ASCENSÃO


Fonte: Google Imagens


O lazer é um fenômeno moderno, fruto da nova conjuntura social que se instaurou pós-revolução industrial, diante do novo sistema econômico que se desenvolveu – o Capitalismo. Nesse período, as relações trabalhistas se intensificaram e deram início a uma série de reivindicações por maiores direitos econômicos e sociais (como melhores salários, férias remuneradas, diminuição da jornada de trabalho, melhores condições de vida e de serviço). Dessa forma, o tempo de lazer é um tempo conquistado nas “lutas de classes” e decorrente da artificialização do tempo em “tempo de trabalho” e em “tempo livre”.
Estudiosos, como Gilberto Freyre, acreditam que as relações entre o lazer e o trabalho rumam para um novo cenário, com a constante e crescente automatização e o avanço tecnológico. Para ele, o trabalhador tende a assumir cada vez mais um papel de técnico nas organizações industriais. Gilberto Freyre afirma que com essa nova configuração social, a “glorificação do trabalho” dará lugar à busca pelo prazer, às atividades recreativas e às artes. O aumento do “tempo livre” e a diminuição do tempo destinado ao trabalho também tendem a se refletir no aumento do tempo destinado às viagens e ao turismo.


Fonte: Google Imagens

Não é difícil se estabelecerem relações entre o lazer, o turismo e a arte. Basta observar as filas quilométricas que se formam nas portas de museus e galerias de várias partes do mundo, como nos famosos Museu do Louvre, British Museum ou Galleria Uffizi. A globalização e os avanços tecnológicos, especialmente com a difusão da internet, diminuíram as fronteiras entre diferentes culturas, sem que fosse necessário quebrar fisicamente as barreiras territoriais. Além disso, significativas mudanças na área dos transportes possibilitaram formas de deslocamento mais práticas e acessíveis. Esses aspectos, dentre muitos outros, impulsionaram a mobilidade de um grande número de pessoas de diferentes classes sociais, que hoje se locomovem e viajam intensamente rumo aos grandes “centros turísticos”. Sendo o Turismo um fenômeno econômico e social baseado no deslocamento de pessoas, na troca cultural e na experiência, até que ponto as pessoas querem viajar para Roma e não visitarem o Coliseu ou irem ao Louvre e não verem a pintura da Monalisa?  Esses exemplos clássicos da Arte, que se tornaram mundialmente conhecidos e cobiçados – os chamados jocosamente de “arroz de festa”, em nossas aulas de Apreciação Estética –, fazem sucesso nas lojas de souvenir, e são transformados – pelo turismo – em produtos para o consumo.
A Arte, em toda a sua subjetividade, não cabe em uma definição. Ela se faz na experiência estética, no sentimento que ela provoca  no observador. Não se trata do gosto individual ou do que se considera feio ou belo socialmente. Para entender a Arte é preciso se despir dos preconceitos do gosto pessoal e deixar de lado a ideia de representação perfeita do real, do visível.   A ela cabem perguntas que ainda não possuem respostas, cabe a lapidação do olhar e o conhecimento crítico.


Fonte: Google Imagens

Entretanto a subjetividade e sensibilidade artística entram em segundo plano quando entendemos que o tempo de lazer, segundo David Harvey (2009), é um tempo concedido ao trabalhador, pelo capitalismo, para que ele se torne consumidor.  Logo, seria importante, diante do crescente interesse da sociedade pela Arte, antes delimitada a um grupo restrito de intelectuais ou críticos, que esses novos espectadores não passassem a ser apenas seus consumidores passivos. Segundo o crítico de arte Richard Cork, a maioria dos visitantes passeia pelos museus com uma rapidez desconcertante: dirigem-se às obras específicas e passam os olhos, dando pouca atenção ao que está diante deles, perdendo, assim, o que de melhor a Arte tem a oferecer – o sentimento, o questionamento e a reflexão que provoca.
O que faltaria, então, a esses “novos espectadores” ou admiradores é a percepção de que a ascensão da Arte como Lazer poderia também vir acompanhada da vivência e da experiência estética. Os diferentes estilos artísticos revelam a identidade cultural e a estética da sociedade em determinado contexto histórico, econômico e social, apontam perspectivas à crítica social, divertem e informam. Portanto, o turismo em museus e em galerias é um campo a se especializar, para que possam ser criadas novas possibilidades de fruição, para se construírem outras alternativas no “tempo de lazer”, e para que o patrimônio artístico não  se incorpore ao turismo apenas como “produto” a ser consumido.


MARINA M. MORETTONI
Monitora de Turismo e Apreciação Estética



REFERÊNCIAS

ARANHA, MARTINS. Estética. In: ______. Filosofando: introdução à filosofia. 3 ed. Revista. São Paulo: Moderna, 2003. p. 365-411.

CORK, Richard. Prefácio - Tudo sobre ARTE: os movimentos e as obras mais importantes de todos os tempos. Editora SEXTANTE. Rio de Janeiro, 2011

FREYRE, Gilberto. Tempo, ócio e arte: reflexões de um latino americano em face do avanço da automação. Revista Brasileira de Cultura. Rio de Janeiro, n.2, p.3, p.47-58, jan. /mar. 1970.

GOMBRICH, E. H. – A história da arte; Tradução Álvaro Cabral. – [Reimpr.] – Tio de Janeiro: LTC, 2011

HARVEY, David. A condição pós-moderna – São Paulo: Loyola, 2009


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